
Quando uma pessoa torna-se insatisfeita com alguma coisa acaba contaminando muitos ou todos os setores de sua vida. É como se não encontrasse saída para nada ou como se tudo ao seu redor não atendesse às suas expectativas. Veste-se com uma armadura intransponível.
Insatisfação é um sentimento difícil de se trabalhar. Todas as alternativas fornecidas para sanar o problema são compreendidas como absolutamente inaplicáveis. É quando a confusão de sentimentos é tão profunda que o fatalismo toma conta de si.
Um insatisfeito é facilmente identificável. Infelizmente, muitas pessoas os tacham de "mal-amados", "cri-cris", "donos da verdade". E, de fato, a grande maioria provoca este tipo de reação no outro, pois passa a ter comportamentos de controle da vida alheia, torna-se extremamente intolerante com atrasos e regras, passa a acreditar que seu pensamento é o mais adequado para todas as situações.
Antes de classificar o insatisfeito em tantas categorias depreciativas é preciso, acima de tudo, compreendê-lo. O que o torna desta forma? Por que reage assim?
A insatisfação é um estado de descontentamento interno. Por mais que um insatisfeito coloque a culpa no outro (e o fazem com muita frequência), o problema está com ele. É um sentimento extremamente incômodo, pois não conseguem nunca estar bem internamente. Preferem olhar para fora ao invés de olhar para si.
Há que se ressaltar que a insatisfação é um estado que, quando se torna crônico, passa a representar uma "companhia" para o doente. E quando isto acontece, abandonar a patologia fica muito mais difícil. É como se a pessoa precisasse daquilo para sobreviver.
É por isso que a insatisfação passa a ser meio de vida. Racionalmente, se pensarmos bem, o que fazemos quando temos um problema ou insatisfação? Resolvemos, oras! O insatisfeito não. Ele mantém o problema. Finge querer sair da situação, mas não o deseja realmente.
É por isso que muitos casamentos são mantidos por décadas de maneira cruel. É por isso que pessoas permanecem no mesmo trabalho por anos e anos e adoecem.
Um insatisfeito nunca permanece calado com sua insatisfação. Ele precisa "passar" para o outro. E assim, numa forma de aprisionamento, mantém uma outra pessoa ao seu lado, utilizando-a de bode expiatório. Tudo isso por necessitar perceber que é vítima das situações e para assim não tomar providências que o retirem da crise.
A maior indicação para a cura a insatisfação crônica é, sem dúvida, a terapia. Entretanto, é muito incomum a presença de "insatisfeitos" no consultório. Pelo menos, declarados. A procura por terapia e acima de tudo, a compreensão do que é terapia exige uma reflexão interna e uma apropriação do próprio problema. Quando uma pessoa com insatisfação crônica chega até mim, o faz de forma camuflada. Em geral, o grande tema é "stress". Aparecem por não conseguir administrar bem as variáveis externas estressoras, culpam todos menos a si, esperam uma fórmula mágica para que o mundo as compreenda melhor. Quando se dão conta de que a questão é interna, muitas vezes desistem, insatisfeitas com o terapeuta. Quando são fortes o suficiente para encarar a jornada interior, saem renovadas e expressam as melhores qualidades para o mundo.
De qualquer forma, o importante é que, quando identificada a insatisfação em si mesmo, aconteça uma reflexão para que se perceba o que, de fato, é culpa do outro e o que é agitação interna. A vida fica melhor assim.
Luz e Paz!
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