quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Criança feliz"

Coisa de criança é brincar, correr, pular. E não adoecer. Pelo menos não no sentido emocional. No entanto, a cada dia mais e mais, as crianças chegam ao consultório cheias de sintomas. Ora problemas de aprendizagem, ora problemas de comportamento.
Eu sempre achei que a criança é pura. Pura no sentido de só fabricar um sintoma quando alguma coisa em casa não está legal, quando o sintoma acaba sendo, na verdade, um companheiro ou uma forma de chamar a atenção para si.
As crianças catalisam todas as emoções da família. Principalmente dos pais. Por isso, entendo que o atendimento infantil deve ser partilhado: sessões com a criança e sessões com os pais. E o que acontece na sessão dos adultos é uma re-educação. Uma re-educação deles e não da criança. Ali, fica claro a responsabilidade dos mais velhos com aquilo que está acontecendo com seu filho. É o momento de parar de tampar o sol com a peneira. É o momento de, muitas vezes, reavaliar o relacionamento conjugal, compreender que a escola ensina, mas são os pais que educam e hora de praticar a aceitação incondicional com aquele serzinho tão pequeno que já sofre.
As mudanças são visíveis. Com a criança, esse processo é muito mais rápido. Ao sentir-se segura no setting terapêutico, muitas das vezes, seus sintomas diminuem drasticamente. Já com os responsáveis, tudo vai mais devagar. É difícil admitir que é preciso mudar. É complicado pensar que a saúde emocional de uma pequena vida depende de sua conduta.
É fundamental que a adesão dos pais aconteça, pois só assim a criança poderá ficar bem. E fica.
Com o tempo tudo começa a se encaixar. A rotina passa a ser menos cansativa e mais prazerosa, a relação entre a família passa a ter vínculos fortalecidos e o que antes era entendido como queixa passa a ser compreendido como sendo a ponta do iceberg.
É interessante como, na maioria dos casos, a terapia infantil auxilia na compreensão dos papéis familiares. As sessões acabam representando um curso extracurricular que aperfeiçoa a maneira como exercem a paternidade e maternidade. E com isso só há ganhos.
Criança feliz é aquela que tem a noção de quem é quem dentro de casa, que se sente segura com regras que fazem sentido, que expressa suas emoções sem mascará-las e que percebe a atmosfera de harmonia no lar. Criança feliz = Adulto feliz.
Luz e Paz!

Um comentário:

  1. Pedrita:
    Assim todos os pais tivessem a possibilidade de ao menos conhecer estas idéias para poder corrigir o seu percurso como formador de um ser humano a tempo de não repetir os mesmos dramas dos seus ancestrais. Re-educação agora!
    Beijos,

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