Num mundo tecnológico e, mais do
que isso, que segue a máxima de que produtividade está acima de tudo e de que
tempo é dinheiro, habituamo-nos a navegar com mais frequência num mundo virtual
que acaba com distâncias, burocracias, mas também com a vida social real. E é
aí que mora o perigo... Se identificar com alguns destes itens seguintes já
aciona um alarme vermelho importante...
Utilizar o e-mail como principal
canal de comunicação.
Não há nada de mais em documentar
contratos e acordos de trabalho através desta ferramenta tão eficiente. No
entanto, com a desculpa de ser “menos invasivo” o e-mail acabou representando um
canal de comunicação avançado também nas relações não profissionais. O arroba
(@) há tempos deixou de ser comercial e passou a ser também social. Existem
casais que discutem a relação através de longos e-mails. É como um retrocesso
na forma de se comunicar: corresponder-se por e-mails é retornar ao tempo das
longas cartas de amor, há séculos
passados, com a diferença de que o conteúdo tem mais a ver com cobranças do que
com declarações românticas. Um problema entre duas pessoas só pode ser bem
resolvido através do diálogo real: direto, olhos nos olhos, ouvindo palavras e
tons proferidos.
Não sobreviver sem um smartphone
Em épocas de SMS, redes sociais,
Instagram e Whatsapp quem não tem um celular é analfabeto. Sim, um bug em uma
dessas redes de comunicação pode colocar uma multidão em abstinência de forma
devastadora! Hoje, privar um ser humano de um celular significa mais do que
acabar com a água do planeta, energia elétrica ou arrancar um braço do
indivíduo! É claro que as vantagens de um smartphone são incontáveis e que, de
fato, nos causam grandes privilégios e comodidades, mas lembrar-se que há menos
de vinte anos vivíamos muito bem sem isso pode nos ajudar a ficar menos
dependentes desses aparelhos adoráveis. Como uma calculadora que limita nosso
raciocínio lógico-matemático natural o uso desses celulares também influencia no
desenvolvimento e manutenção de diversas inteligências. Pensar mais que seu
celular poderá te ajudar em muitas situações importantes! Pense nisso!
Viver a vida real só para ter uma vida virtual
Até bem pouco tempo atrás as
pessoas viviam suas vidas reais. Simples assim. Relacionavam-se, se divertiam, compravam
coisas, vendiam outras, viajavam, começavam e acabavam casamentos, se alimentavam,
tudo isso anonimamente. Os outros só sabiam da vida das pessoas se estas
contassem, ali, téte-a-téte, numa conversa, ou se uma vizinha fofoqueira daquelas
que ficam na janela passasse a informação pra frente. Vivemos hoje uma queda no
que se convencionou chamar de vida privada: não há mais prazer em se ter uma
vida anônima, secreta, especial. As pessoas planejam sua vida real de tal forma
que sua vida virtual seja interessante, luminosa, bem sucedida e invejável. Uma
vida editada na realidade. Tudo é milimetricamente planejado para que fotos
sejam tiradas, comentários sejam feitos, pessoas sejam indiretamente atingidas.
E o melhor: de uma forma tão comum, tão normal, tão massificada que ninguém
mais lembra que funciona assim! É como um universo paralelo, um alter-ego, um
lugar onde cada um escolhe o que quer que aconteça. Torna-se um problema quando
na vida real acontecem coisas inesperadas, não editáveis e que geram grandes
traumas para uma vida virtual perfeita. Talvez por isso a ansiedade continue
sendo a doença do século, não é mesmo?
Consumir sem sair de casa
É incrível como a tecnologia nos
levou a um episódio dos “Jetsons” (se você tem menos de 30 anos, aproveite o
tema e vá até o Wikipedia!) num estalar de dedos! “Ganhar tempo” foi o
principal mote para o boom das compras pela internet! No entanto, aquilo que
nos serviria se tornou nosso capitão do mato! Hoje, o consumo excessivo é um
dos principais problemas nos orçamentos domésticos e familiares. Compramos
muito, sem discernimento, sem controle e o pior, ensinamos nossas crianças a
serem da mesma forma.
Comprar pela internet nos dá a
sensação de satisfação instantânea e sem culpa. É uma experiência quase sempre
solitária. Nos shoppings teremos os olhares das vendedoras desconfiando do
nosso limite de cartão de crédito, das outras pessoas nos corredores contando o
número de sacolas que estamos carregando e ainda, ao chegar em casa, teremos os
malabarismos para esconder das pessoas tudo o que foi comprado na “super
liquidação”, não é mesmo?
O problema acontece mesmo quando
a fatura do cartão chega. A culpa que não aconteceu lá atrás vem como um
tsunami, mas vai embora logo, pois no mês seguinte começa tudo de novo. Comprar
já é um comportamento que pode se tornar compulsivo muito rapidamente, pois somos
estimulados a isso. Comprar pela internet torna a questão ainda mais frágil.
Mesmo sem tendências ao excesso, qualquer um pode cair nessa perigosa teia! Mas,
vale lembrar que disciplina e foco podem tornar este hábito um fator de grande
economia: quando compramos virtualmente, temos a chance de colocar e tirar
itens de nosso “carrinho”, o que facilita no controle do orçamento!
Facilitar as coisas através das
pesquisas virtuais
Quem nunca usou as ferramentas de
busca que atire a primeira Barsa! Sim, todos nós estamos mais do que habituados
a buscar qualquer coisa no Google. A ferramenta se tornou tão famosa que os
americanos criaram um verbo a partir do nome da empresa para designar o ato de
buscar informações virtualmente!
De todos os usos possíveis e
positivos que a tecnologia e virtualidade nos proporcionam, o de ter
informações instantâneas e úteis é, sem sombra de dúvida, um dos melhores!
A questão está no uso que se faz,
aliás, como todos os itens aqui relacionados. Crianças e adolescentes, em pleno
processo de desenvolvimento e aprendizagem funcional perdem o interesse pela
pesquisa aprofundada e consequentemente pelo gosto da leitura simplesmente por
terem a sua disposição um “professor sabe-tudo” 24 horas por dia! Nós, adultos,
também nos acostumamos com alguém pensando por nós! O mais interessante – e preocupante
– é que esses mecanismos de busca acabam engessando a forma de pensar! Para informações
objetivas e matemáticas, precisão e afirmativas são sempre bem-vindas. No
entanto, quando falamos de subjetividade e de questões filosóficas e humanas,
ter uma resposta pronta pode nos tornar indivíduos limitados. Sim, o ministério
do livre-pensar adverte: utilizar ferramentas de busca pode emburrecer o
indivíduo! Busque, mas também questione!
Luz e paz, meus queridos!