sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"Costumes"


Costumes são pensamentos ou atos passados de geração para geração. Em algumas famílias, os costumes passam até a ser rituais. Eles vão além da simples perpetuação geracional e carregam em si simbolismos reveladores sobre aquele determinado grupo.

Exercitar um costume ou tê-lo incorporado em seu dia a dia é, muitas vezes, um grande tesouro para as pessoas. É poder ter de volta todo um clima de felicidade vivenciando no passado e que se estende até o presente. O costume levado por este lado é benéfico e motivador. Entretanto, há quem entenda o costume como algo pesado e inútil.

Muitas pessoas chegam ao consultório por não conseguirem se libertar de costumes ou visões familiares. Passam por sofrimento psíquico quando, por exemplo, sentem-se obrigadas a passar datas festivas com a família ou quando são convocadas para um almoço de domingo, sem prévio aviso. O que vemos nestes casos é um sentimento de invasão tão grande que passa a significar um aprisionamento ao invés de uma oportunidade de se estar com quem se ama. Mas por que isso acontece?

Como todo ser humano, passamos pelas fases de desenvolvimento comuns para nos tornarmos adultos. Valores, costumes e rituais nos são passados desde muito novos. Na maioria das vezes, crescemos acreditanto nas coisas exatamente como nossos pais. Entretanto, num determinado momento da vida, no desenvolver de nosso pensar-crítico, temos a oportunidade de refutar ou aceitar tais ensinamentos. É quando nos tornamos indivíduos autênticos, com nossas idéias formadas. Algumas famílias aceitam esta mudança, outras não. Algumas pessoas conseguem mostrar-se indivíduos autônomos, outras não. E é neste momento, no choque de gerações, que o conflito é iniciado.

Existe uma história que eu gosto muito e que fala exatamente sobre a influência dos costumes familiares em nossas vidas. Conta que uma senhora de meia idade preparava um apresuntado para um jantar em família, cortando-o nas duas extremidades para colocá-lo na assadeira e depois no forno. Cortar o apresuntado era difícil e extremamente demorado e por isso, ela nunca gostava de cozinhar aquele prato e o fazia simplesmente porque pelo menos uma vez ao mês sua mãe a vinha visitar e este era seu prato preferido. Vendo aquilo, sem entender muito sobre cozinha, sua filha, que a ajudava, pergunta se ela o cortava para que o sabor ficasse mais apurado. Num momento de reflexão, a senhora lhe diz que não sabia exatamente o porquê o fazia, mas que somente repetia o que sua mãe lhe ensinara há tempos atrás. Não satisfeita, a filha foi perguntar à avó o motivo. Depois de uma longa gargalhada, a avó lhe respondeu que cortava as pontas do apresuntado porque ele não cabia na assadeira. Ou seja: durante anos e anos, a senhora repetia - sem ao menos saber o motivo- algo desnecessário, pois sua assadeira era suficientemente grande para abrigar o apresuntado sem a necessidade de cortá-lo.

Muitas vezes os costumes são assim para algumas pessoas: uma repetição inconsciente e desnecessária de um ritual que não faz mais sentido. Quando isso acontece e passa a perturbar seu equilíbrio interno é importante que ela se dê conta de que é necessária uma re-avaliação das coisas. Entregar-se a uma prática tradicional para agradar aos outros não é a melhor maneira de estabelecer um vínculo verdadeiro e positivo com a família. Se existe sacrifício próprio, nada disso faz sentido.

Sempre é tempo de mudar e de criar novos costumes dentro do círculo familiar e de amizade. Talvez, dando o primeiro passo, você esteja ajudando muitas pessoas que se sentem da mesma forma, oprimidas por algo que não lhes significa nada.

Re-avalie as tradições em sua vida, descarte as desnecessárias e mantenha as que verdadeiramente tocam seu coração!


Luz e Paz!

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