Resolvi falar mais especificamente sobre uma patologia no tema desta semana, pois existe algo que me preocupa: o grande número de pessoas que chegam até mim com o equivocado diagnóstico de Pânico.
Síndrome do Pânico é uma doença ligada ao espectro dos Transtornos de Ansiedade. O indivíduo acometido de Pânico sofre ataques espontâneos que ocorrem sem previsão e que ocasionam diversas respostas físicas à ansiedade desencadeada, tal como palpitações, dormências faciais, alteração no ritmo respiratório e sensação de morte iminente. Os ataques duram em média 30 minutos e são tão bruscos que quase sempre, numa primeira experiência de crise, a pessoa acaba num Pronto Socorro, procurando ajuda médica emergencial por acreditar que está sofrendo de um ataque cardíaco.
Depois do primeiro ataque, o Pânico pode passar a acontecer sempre, em períodos espaçados ou não. O paciente, então, tomado pelo medo, passa a sentir-se desamparado e extremamente vulnerável, iniciando o processo de auto-aprisionamento, evitando lugares tumultuados e chegando até a recusar-se sair de casa. É quase sempre neste momento que a ajuda do Psiquiatra e do Psicólogo acontece, pois a situação passa a ser insustentável, afetando a vida do indivíduo de forma geral e devastadora.
Nestes casos, a psicoterapia aliada necessariamente à medicação é fundamental. É no setting terapêutico que o auto-controle será desenvolvido. É no consultório do Psiquiatra que o ajuste da medicação acontecerá de forma a equilibrar quimicamente o organismo daquele indivíduo.
Outra doença do espectro dos Transtornos de Ansiedade é o que chamamos de Estresse Pós-Traumático. Menos popular, esta doença acomete em termos percentis, muito mais pessoas do que a popularizada Síndrome do Pânico.
O Estresse Pós-Traumático (EPT), tem características muito semelhantes ao Pânico em relação à sintomas e percepção dos ataques. Entretanto, um fator fundamental o diferencia: o gatilho para que se manifeste nunca é espontâneo. A pessoa que tem o primeiro ataque de EPT esteve exposta - no passado - diretamente a um acontecimento perceptivelmente estressor que ocasiounou um trauma severo. Pode ter sido uma situação-limite ou simplesmente um acontecimento que desencadeou ansiedade extrema na ocasião. Assim, após o momento de estresse principal (ou trauma) o indivíduo passa a rememorar o acontecido através de lembranças, sonhos e idéias fixas que o prendem à situação, desencadeando ataques de ansiedade recorrentes. O primeiro ataque pode acontecer logo após o trauma original ou ficar adormecido, manifestado-se depois de muitos anos. É comum que a pessoa desenvolva comportamentos de evitação constantes, incluindo evitação de situações que ofereçam estressores semelhantes aos vivenciados no trauma ou adequação à rotina que tinha antes.
Assim como o Pânico, o EPT deve ser tratado com medicação e psicoterapia. Neste caso, a terapia irá tratar de dessensibilizar o paciente em relação ao trauma, fortalecendo sua auto-confiança e fazendo com que aos poucos supere a doença.
O que acontece, entretanto, é que com a popularização do termo "Síndrome do Pânico", muitas pessoas acreditam sofrer da patologia, quando, no entanto, possuem EPT. O auto-diagnóstico é um grande limitador, pois muitas vezes a pessoa rotula-se, sem ao certo saber o que está acontecendo consigo. E o pior: relutam a procurar ajuda médica e psicológica, pois passam a sentir-se "fracas", "malucas", "doidas", quando estão na verdade doentes. Outro problema é também - e infelizmente - o diagnóstico do Psiquiatra que, muitas vezes, acaba sendo igualmente equivocado, não por incapacidade profissional, mas pelo paciente não saber fornecer informações completas sobre como as crises começaram. É necessário que aconteça um Diagnóstico Diferencial preciso para que erros não sejam cometidos.
Este esclarecimento me parece de grande importância, pois o quanto antes um indivíduo acometido de qualquer patologia - e sobretudo de Transtornos Ansiosos - procura ajuda médica e psicológica a menos sofrimento psíquico é exposto.
O medo de parecer "fora do normal" é quase sempre a característica mais limitadora para que as pessoas cuidem de sua saúde com responsabilidade e comprometimento pessoal. Não deixe de procurar ajuda sempre que sentir que algo não vai bem e cuide para que as pessoas ao redor façam o mesmo!
Luz e Paz!
Muitas vezes as pessoas ditas normais, são as que mais precisam de atendimento psicológico!
ResponderExcluirNa verdade todos somos neuróticos, logo todos em um certo momento precisam de uma boa escuta psicológica.
Abraço!
Rosana.